Microsoft compra Xamarin – O que significa?

Num contexto onde a mobilidade empresarial começa a ser um dos fortes pilares na estratégia digital das organizações, entrevistámos Sérgio Viana – Partner & Microsoft Solutions Lead da Xpand IT sobre a importância do desenvolvimento móvel multiplataforma, comentando a importância da parceria com a Xamarin e a mais recente aquisição da Xamarin por parte da Microsoft.

1. Quando é que a Xpand IT decidiu ser uma parceira Xamarin?

A parceria com a Xamarin existe há sensivelmente 2 anos. Criamos experiências mobile há mais de 7 anos e desde sempre nos deparámos com um desafio – como criar apps para várias plataformas de uma forma sustentada, optimizando o investimento inicial e a manutenção das soluções. Quando considerámos a utilização de Xamarin estávamos cépticos, porque existem outras empresas que se apresentam como a solução para este problema sem, no entanto, o serem – existem sempre compromissos. Após uma primeira fase de avaliação vimos que a tecnologia era de facto diferenciadora e nesse ponto decidimos que queríamos ser os melhores a nível nacional para criar referências que nos permitissem trabalhar também noutras geografias.

2. Considera que a parceria foi um sucesso?

Sem dúvida. Em 2 anos já desenvolvemos mais de 25 apps e estamos envolvidos neste momento em vários projectos, alguns a nível internacional. Um dos nossos casos mais relevantes, a app CA Mobile Empresas que desenvolvemos para o Crédito Agrícola é hoje uma referência mundial que a própria Xamarin utiliza como exemplo quando se fala da utilização da tecnologia para Mobile Banking. Os nossos projectos permitiram também criar componentes que colocámos na Xamarin Component Store e que são hoje utilizados por empresas de vários países, permitindo-lhes acelerar o desenvolvimento das suas soluções. Criámos dois produtos com a tecnologia, a XPack (uma app destinada aos colaboradores de uma empresa, que usamos internamente e está disponível para clientes) e a XP Events (uma app destinada a aumentar a interacção entre os participantes de um evento e o evento em si, que utilizamos e que a Caixagest também já utilizou em eventos próprios). Criámos uma formação específica que foi já realizada várias vezes em Portugal e no Reino Unido. E já temos projectos internacionais. Tudo isto foi já promovido em eventos Xamarin locais a que chamámos Xamarin Experience – os únicos em Portugal totalmente focados na tecnologia – feitos em parceria com a Microsoft. Por isso, sem dúvida que a decisão de formar uma parceria com a Xamarin foi uma aposta ganha… e está apenas a começar.

3. Qual a sua opinião sobre a aquisição da Xamarin pela Microsoft?

A compra da Xamarin pela Microsoft já tinha sido alvo de rumores há uns anos atrás. Nessa altura tive oportunidade de exprimir a minha opinião, que era contrária à aquisição. No entanto, nesta nova Microsoft que se apresenta perante o Mundo nos dias que correm, faz todo o sentido. É uma forma de complementar as ferramentas de desenvolvimento que já existem e de elevar a um nível multiplataforma alguns princípios que já são seguidos nas Universal Windows Platform (UWP) apps – a partilha de uma base de código que pode ser usada em vários SO’s e vários tipos de dispositivos. Além disso, a inclusão da tecnologia no próprio Visual Studio vai aumentar e muito a procura por serviços com provas dadas na tecnologia – e é aí que nós entramos!

4. Acredita que o facto de a Microsoft ter adquirido a Xamarin, vão haver menos obstáculos para a adoção da tecnologia?

No geral, não encontramos muitos obstáculos quando se trata de os nossos clientes que pretendem adotar a tecnologia Xamarin. E a razão para isso é muito simples: é um investimento racional que permite um time-to-market mais curto quando comparado com alternativas. As duas coisas que mais ouvimos de clientes estão relacionadas com o facto de que Xamarin ainda era um startup, o que pode trazer algumas dúvidas quanto à viabilidade da empresa (o que agora já não se aplica) e o licenciamento (que só seria adequado para equipas maiores, e que actualmente já não representa um problema). Assim, com esta aquisição, a Microsoft criou todas as condições necessárias para a adoção massiva da sua comunidade em geral, para desenvolvimento móvel focando-se noutras tecnologias e em developers de outras plataformas que querem seguir uma abordagem multiplataforma eficaz sem compromissos em termos de usabilidade e performance.

5. Existe algum ponto menos positivo, no seu entender, nesta aquisição?

Não diria que são pontos menos positivos, são pontos sobre os quais estou curioso para ver como vão ser endereçados. Por tudo o que já fizemos com a Xamarin temos uma relação muito próxima e uma aquisição pode sempre representar algum distanciamento de interlocutores e equipas com quem já trabalhamos. No entanto, no melhor cenário ganhamos mais alguns contactos com relevância no universo Microsoft que ficarão rapidamente a par do caminho que já percorremos! Considerando a relação muito próxima que temos com a Microsoft Portugal será muito vantajoso ganhar um conjunto de novos interlocutores no cenário internacional.

6. Esta aquisição pode de alguma forma beneficiar o Windows Mobile?

São temas diferentes. O Xamarin permite criar apps multiplataforma e resolver problemas, utilizando tecnologia Microsoft, que mesmo empresas que apenas queiram desenvolver para iOS e Android já têm: partilha de código entre apps diferentes, investimento, time-to-market, etc. O Windows Mobile tem tido um percurso pouco interessante, a nível global, no que respeita ao mercado de consumo – embora em algumas regiões isto não se verifique e a adopção seja muito significativa. No entanto, no meu entender o grande benefício para o Windows Mobile é a estratégia mais abrangente da Microsoft: tudo é Windows! Com o Windows 10 a poder ser utilizado numa panóplia de dispositivo e formatos, e com uma adopção a nível mundial a chegar perto dos 300 milhões nesta data, é um SO extremamente relevante. E o que vemos, todas as semanas, são anúncios de empresas que já desenvolveram ou estão a desenvolver apps para Windows 10 – que de uma forma natural funcionarão em também em smartphones. Desta forma, o app gap de que tanto se fala tende a desaparecer e aí é apenas uma questão de garantir a estabilidade do SO nas várias famílias de dispositivos. É uma estratégia ousada, mas que já está a dar frutos e, na minha opinião, uma jogada de mestre por parte da Microsoft.

7. Por fim, o que espera obter desta parceira num futuro próximo?

A Xpand IT já tinha uma parceria muito forte com a Microsoft e com a Xamarin – que agora se fundem numa entidade apenas. Com os projectos de referência que já temos, a nível nacional e internacional, e aliando o facto de estarmos desde o final do ano passado presentes também no mercado do Reino Unido com o nosso escritório de Londres, este ano será certamente um ano de crescimento nesta área com parceiros e clientes nos diversos sectores. Aposto num crescimento da oferta, em termos de serviços, e na adopção dos produtos que temos criados e vamos continuar a criar – porque são uma mais-valia para quem os utiliza. A minha convicção é que o sucesso é uma consequência do bom trabalho, não aparece por acaso. Pelo grau de empenho que temos na parceria e pelo tipo de iniciativas inovadoras que procuramos sempre fazer não tenho dúvida de que continuaremos a elevar cada vez mais o standard de excelência que seguimos, inspirando empresas e pessoas a atingirem resultados fantásticos.

Ana PaneiroMicrosoft compra Xamarin – O que significa?

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