João Mendonça

Cinco razões para continuar a trabalhar na mesma empresa de TI

Quando era pequeno o meu avô sempre que me via cumprimentava-me não com um “Olá João! Como está o meu neto favorito?” mas, ao invés disso, presenteava-me com um sorriso genuinamente feliz ainda que desdentado, e desafiava-me com uma adivinha. Sendo sincero, a sua “base de dados” de adivinhas não era assim tão extensa e como tal não era assim tão difícil adivinhar. Sabia-as de cor, uma após a outra e, claro, as respetivas respostas.

Então, dei por mim a pensar: “e se em vez de fazer uma introdução inspiradora, bonita e cheia de significado sobre o tema deste artigo, começasse com uma adivinha? Provavelmente estás a pensar que é uma ideia estranha, mas… bem, eu vou fazê-la na mesma!

Cá vai:

“Sou livre, mas sem preço, não me podes possuir, mas podes usar-me, não me podes manter, mas podes gastar-me. Se me perderes, nunca mais me podes recuperar. O que sou eu?”

 Vou dar-te algum tempo para tentares adivinhar…

Se estavas a pensar que a resposta certa seria uma nova versão da última temporada de Game of Thrones, sem ser a da HBO, estás bem enganado porque a resposta certa é: o tempo. (Incrível como não reparaste que a resposta certa estava duas frases acima!)

Por ser algo tão precioso, o tempo é um tema central nas nossas vidas: a forma como o usamos e com as pessoas certas, a fazer aquilo de que realmente gostamos. Uma coisa é verdade: o tempo voa sobretudo depois dos “vintes”, acreditem porque os meus já lá vão…

Falando do tempo e da forma como ele voa, estou já há 5 anos a trabalhar na mesma empresa – Xpand IT e parece que foi ontem que comecei esta aventura. Para pessoas da mesma idade dos nossos pais isto não seria um facto muito relevante, mas para outros deve ser surpreendente e faz franzir as sobrancelhas. Falo de quem acaba de sair da faculdade já com a ideia de que os empregos não são para a vida, que o trabalho precário está ao virar da esquina e que as oportunidades vão e vêm tão rapidamente como boomerangs. Isto ainda é mais verdade nas empresas de tecnologia de informação. Não apenas as start-ups ou as médias empresas, mas também, ao que parece, as que jogam na “primeira liga”, onde por exemplo na Google, Netflix, Tesla, Facebook ou Salesforce os profissionais permanecem em média 2 a 3 anos, de acordo com dados disponíveis de 2017.

Mas o tema do blog post hoje não é desenvolver as razões que podem justificar isto, ou refletir porque é que as empresas tecnológicas se debatem por conseguir reter talento. Antes, é um exercício puramente “egocêntrico” em que vou contar-vos o que me faz continuar a trabalhar na mesma empresa de TI ao final de 5 anos.

E já que estamos a falar de 5 anos, vou dar-vos 5 razões para continuar na Xpand IT. 

Mas deixem-me fazer antes um grande disclaimer: estas razões são puramente pessoais e sem qualquer back-up científico. O que é excelente e fantástico para mim pode ser lame para ti. Para além disso, já que vou dizer maioritariamente coisas boas sobre a minha empresa, quero deixar claro que isto não é nenhuma estratégia para pedir um aumento.

Posto isto, e se ainda estiveres aqui comigo, vamos lá.

1 – Pessoas

Não há nada de extraordinário em dizer que as empresas são entidades feitas por pessoas. E quer gostes ou não, estarás provavelmente a representar a tua empresa diariamente, especialmente se lidares diretamente com clientes, parceiros, candidatos, fornecedores, ou quando no teu trajeto trabalho-casa e casa-trabalho falares com alguém, com a mochila da Xpand IT às costas, por exemplo.  E é exactamente por isto que uma das grandes razões para eu cá continuar é, sem dúvida, as pessoas.

Desde a primeira entrevista que me senti logo confortável e bem-recebido por todos. Um bom exemplo é que nunca antes na minha vida tinha sido autorizado a abordar os meus chefes ou Senior Management de forma informal e isso acontece aqui. Sim, sou old School.

Acredito que quando se está à procura de uma nova oportunidade, especialmente os perfis mais técnicos, (em que as oportunidades se multiplicam como borbulhas no rosto de um adolescente) tendo a parte da remuneração bem resolvida e considerando outros fatores que podem ser importantes, deves escolher a que sentes que te vai fazer realmente aprender. Tenta também perceber se o teu futuro chefe tem aquilo que é preciso para te inspirar e liderar.

Voltando à minha primeira entrevista, tenho de admitir que não tinha assim tanto para oferecer que fosse tão diferente de tantos outros muitos candidatos. Investi e empenhei-me muito para conseguir esta oportunidade, ainda mais quando me apercebi do ambiente e do tipo de pessoas com quem iria trabalhar.

Os meus managers naquela altura acreditaram em mim e deram-me o espaço que eu precisava para crescer, os meus colegas a motivação e o mood positivo de que todos precisamos diariamente. Éramos e somos uma grande equipa.

Após alguns anos, foi a minha vez de estar do outro lado e de dar a oportunidade a outras pessoas de crescerem comigo. Tive a possibilidade de criar uma equipa de raiz e ver a sua progressão… e quando olho para isso, de facto até posso ser terrível em muitas coisas, mas fui capaz (ou tive sorte) de escolher as pessoas certas, no momento certo.

Mais do que os serviços que disponibiliza ou os excelentes produtos que vende, a minha empresa é feita das pessoas fantásticas que aqui trabalham, e não apenas na minha equipa.

2 – Condições de trabalho

Bom, devo dizer que não sou propriamente um “miúdo mimado do office” e durante a minha vida já tive diferentes condições e benefícios de trabalho, sendo que alguns deles não diria que foram maus, mas digamos antes “especiais.”

Quando era mais novo, via-me mais como um assistente social do que a trabalhar das 9h às 18h num escritório de uma empresa random. Uma grande reviravolta, bem que posso dizer.

Por exemplo, durante algum tempo vivi e trabalhei numa remota vila africana e sempre que precisava de ir ao WC tinha de bater no autoclismo  (se é que lhe posso chamar isso) e sair logo de seguida, a correr, para que meia dúzia de vespas que decidiram fazer daquele autoclismo a sua casa, voassem dali para fora e, então, tranquilamente podia fazer o meu “número dois”, em segurança.

Numa outra experiência numa vila remota na Estónia (tenho um “fraquinho” por sítios remotos, eu sei) tinha de caminhar durante 2 quilómetros de casa para o trabalho e do trabalho para casa, com temperaturas às vezes de -20ºC. Bem, tenho muitas histórias… Talvez noutra altura vos conte.

Confesso que não sinto falta particularmente destes exemplos (ainda que sejam parte daquilo que sou hoje).

Hoje em dia a história é bastante diferente e posso dizer que me sinto na minha empresa como se estivesse em casa e tenho todas as condições de que preciso para fazer em paz aquilo para que fui contratado. É muito bom ver as melhorias contínuas nas condições de trabalho ao longo do tempo.

O escritório e materiais de trabalho não devem ser a tua prisão, mas devem antes potenciar o teu desenvolvimento, criatividade e trabalho. E eu encontro tudo isso na Xpand IT (bom, exceto a parte dos skills e da criatividade) ter colegas silenciosos também ajuda…isso ou uns “fones” com isolamento de ruído. Sem dúvida que tudo isto me faz continuar a trabalhar na mesma empresa.

3 – Métricas de trabalho e resultados

Quase tão importante como fazeres o teu trabalho, é teres objetivos claros e a capacidade de os medir e avaliar. Na nossa empresa e, em particular, na minha equipa, não avaliamos o trabalho meramente pelo número de horas que estamos no office sentados ao computador, mas, sim, pelo número de tarefas concluídas e que vão contribuir efetivamente para atingir os objetivos globais.

O mais interessante aqui é que, mesmo sendo uma virada para a vertente do negócio e não técnica, tentamos trabalhar com metodologias agile. A cada duas semanas temos uma reunião de sprint, em que revemos o sprint que terminou e os team leaders definem as tarefas a incluir no sprint seguinte, esforçando-se por prever e medir, ao máximo, o esforço real de cada tarefa.  Mesmo havendo algumas tarefas que podem ter algum grau de subjetividade e dependerem de terceiros, desta maneira, temos um entendimento perfeito ao longo do tempo da evolução do “Kaban Board” bem como inteira visibilidade sobre a progressão do trabalho. Sendo nós a equipa de negócio da Xpand IT para as apps do Jira, claro que utilizamos o Jira para planear a nossa sprint.

Para além disto, temos métricas claras nos resultados como as vendas, as trials dos nossos produtos, a análise competitiva, as campanhas de marketing digital e desempenho do website, entre muitas outras.

Por que considero que tudo isto é importante e uma razão para estar na Xpand IT? Porque sou capaz de acompanhar o meu trabalho de forma clara, ver diariamente a nossa evolução e ter a liberdade necessária para melhorar. No fundo, é como ter feedback em tempo útil e não haver a necessidade de ter alguém a “gritar” aos teus ouvidos em que áreas tens de melhorar.

4 – Crescimento pessoal e profissional

Bem, é muito bom ver a minha evolução ao longo destes 5 anos. Com toda a certeza posso dizer que sou um profissional melhor e uma pessoa melhor do que era há cinco anos atrás, que já aprendi muito e que ainda me esforço todos os dias para aprender com as outras pessoas.

Há cinco anos nem sequer sonhava que iria estar na mesma reunião com engenheiros e testers da Lufthansa, BMW ou Adidas. Que teria reuniões mensais com engenheiros da Tesla e que por duas vezes os visitaria em Palo Alto. Que faria talks para 200 pessoas sobre os nossos produtos, sentindo-me no controlo a cada segundo. Ou que em três anos viajaria mais do que viajei a minha vida inteira, aprendendo o bom e o mau de estar longe de casa tantos dias num mês.

E é por sentir que estas experiências e que este crescimento pessoal e profissional vão continuar a acontecer, que ainda tenho a certeza que estou no sítio certo para o concretizar e que, acima de tudo, quero continuar a trabalhar na mesma empresa de TI.

5 – Futuro

Todos nós a dada altura da nossa vida perguntamo-nos “Onde nos vemos daqui a 10 anos?” Tendo a certeza de que o teu workplace é estável o suficiente e que estás a progredir profissional e pessoalmente é bastante mais fácil fazer previsões que possam responder a esta questão. O sentimento de estabilidade permite-te planear mais à frente. Algo que no início dos meus “vintes” não era definitivamente uma prioridade para mim.

É verdade que fazer parte de uma empresa bem-sucedida, que todos os anos cresce, que poder trabalhar diretamente com produtos que têm sucesso e alcançam excelentes resultados são tudo fatores motivantes. É extremamente motivador quando vês resultados naquilo que fazes. Quando observas a equipa de desenvolvimento a dar tudo para conseguirmos responder às expectativas dos clientes e para alcançarmos os objetivos do produto, sentes-te grato por fazeres parte desta equipa.

Se estás a trabalhar onde te sentes completo e realizado em todos os sentidos:

  • Adoras o que fazes e sentes o apoio dos teus peers;
  • Ao mesmo tempo, é obvio para ti que ainda existem diversas áreas em que podes crescer e evoluir

Então veres-te a ti próprio a a trabalhar na mesma empresa de TI, (não necessariamente na mesma função) nos próximos 5 anos, não é assim tanto uma miragem.

Todos os anos na Xpand IT sinto que existe um futuro para mim aqui e, como já disse antes, que posso planear a minha vida, contando com estabilidade financeira e pessoal para concretizar outros sonhos e objetivos.

Assim sendo, é bastante claro para mim que não me sentiria confortável em mudar de empresa a cada um ou dois anos. Mas é perfeitamente compreensível que o que possas sentir e ver de outra forma.

Conclusões

Porquê continuar a trabalhar na mesma empresa de TI?

Com tudo isto dito, não me interpretem mal em relação a um aspeto. Falando sobre o “elefante na sala”, a resposta é: sim, o dinheiro é de facto importante. Se não sentisse que estou a ter a compensação justa no final do mês pelo trabalho que faço, então, provavelmente, não estaria a escrever este artigo. Mas na forma como vejo as coisas, ter uma remuneração excelente deve ser um motivo para abraçar novos desafios, mas nunca a única razão para permanecer numa empresa. Faz a matemática e calcula o número de horas que passas a trabalhar. Se estás onde estás apenas pelo dinheiro que levas para casa, então meu/minha amigo/a a tua vida vai ser incompleta, no mínimo.

Claro que em cinco anos nem tudo foi sunshine e margaritas à sombra da bananeira, houve também momentos menos positivos. Momentos em que senti que devia seguir em frente para outro lugar. Vão haver mais com certeza durante os próximos cinco anos, mas se estas cinco razões continuarem a existir então continuarei a ser Xpander por mais tempo. Bom, pelo menos no que depender de exclusivamente de mim.

*Este artigo é uma versão PT do conteúdo original que pode ser lido aqui.

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