No mundo digital atual, a acessibilidade é um fator crucial para garantir que todos os utilizadores, independentemente das suas capacidades, possam usufruir de produtos e serviços digitais.
Muitas vezes usamos como exemplo para ilustrar problemas de acessibilidade as pessoas cegas e as suas necessidades especiais. No entanto, isto é enganadoramente simplista já que uma excelente acessibilidade é algo de que a maioria de nós pode usufruir: quando estamos cansados, em situações de mobilidade com luz solar intensa, quando temos disponível a transcrição de um clip de vídeo e nos esquecemos dos auriculares; os casos de uso são virtualmente ilimitados…
A empatia desempenha neste contexto um papel fundamental na criação de experiências inclusivas, permitindo que os profissionais de UX compreendam e respondam às necessidades diversas dos utilizadores.
O que é empatia e sua importância em UX
Quando discordamos da opinião de alguém, como reagimos? Conseguimos deixar as nossas convicções de lado e colocarmo-nos no lugar dessa pessoa por um momento? Ser empático não significa anular os nossos próprios sentimentos e opiniões, mas entender que eles não são os únicos em jogo – a principal dificuldade de praticar a empatia é a aceitação plena que cada pessoa é diferente de nós e, por isso, os seus comportamentos e modelos mentais não são comparáveis com os nossos.
Empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, compreendendo a sua perspetiva, emoções, necessidades e desafios. Aplicada à UX, a empatia é uma soft-skill crucial porque permite criar produtos que efetivamente colocam os utilizadores no centro do processo. Sem ela, é fácil ignorar ou subestimar as dificuldades que diferentes pessoas podem enfrentar ao interagir com um produto digital. Ao empatizar com utilizadores com limitações, somos desafiados a enfrentar as nossas suposições e preconceitos e evitar estereótipos.
Devemos ter, no entanto, algum cuidado para evitar a sobrecarga de empatia, que pode levar a situações de stress e esgotamento. A empatia deve traduzir-se em ações específicas e tangíveis para melhorar a vida dos utilizadores e não num fardo emocional insustentável.
A empatia associada ao cumprimento dos critérios de acessibilidade começa com a compreensão profunda dos desafios enfrentados por pessoas com diferentes tipos de deficiência: visuais, auditivas, motoras e cognitivas. Ao empatizar com estes utilizadores, as equipas de projeto identificam barreiras e criam soluções que promovem a inclusão.
A criação de mapas de empatia com o objetivo de ilustrar e descrever o que utilizadores com deficiências crónicas ou limitações pontuais pensam, sentem e fazem é um dos métodos que usamos para obter conhecimento valioso sobre a perspetiva destes utilizadores com necessidades específicas.
Exemplos de problemas de experiência para utilizadores com limitações:
- Visuais
Utilizadores com deficiência visual podem ter dificuldade em navegar num site que não é compatível com leitores de ecrã. Sem texto alternativo para imagens ou uma estrutura de navegação clara, a experiência torna-se frustrante e inacessível. - Auditivas
Um utilizador com deficiência auditiva pode não conseguir compreender o conteúdo de um vídeo sem legendas. Isto limita o acesso à informação e pode excluir o utilizador de importantes conteúdos multimédia. - Motoras
Um utilizador com deficiência motora pode encontrar dificuldades em interagir com elementos pequenos ou mal posicionados num interface. A falta de suporte para navegação por teclado pode tornar a utilização do produto impossível. - Deficiências cognitivas
A empatia também se estende à criação de conteúdos. A linguagem clara e simples é importante para utilizadores com deficiências cognitivas. Evitar jargões e termos técnicos complexos facilita a compreensão e a navegação. Além disso, a organização lógica da informação e o uso de cabeçalhos ajudam a guiar os utilizadores através do conteúdo.
Testar produtos digitais com utilizadores reais portadores de deficiências é uma prática valiosa. Estes testes ajudam a identificar problemas que podem não ser evidentes. Além disso, o feedback direto dos utilizadores permite ajustes e melhorias contínuas.
Na Xpand IT temos por hábito envolver utilizadores com limitações físicas ou cognitivas no nosso processo, como provedores de feedback.
Conclusão
A empatia na criação de produtos digitais não é apenas uma boa prática, mas um compromisso contínuo para tornar o digital acessível a todos. Ao adotar uma abordagem empática, concebemos experiências que, não só respondem às expetativas de todos os utilizadores, mas também promovem a inclusão e a igualdade.
O cumprimento dos critérios de acessibilidade beneficia todos, tornando os produtos digitais mais fáceis de usar e mais agradáveis para todos. Em última análise, a empatia na acessibilidade é um passo essencial para um mundo digital mais inclusivo e equitativo. Contacte-nos para saber mais sobre este tema, ou para o ajudar a começar a projetar as suas próprias experiências digitais inclusivas.
Head of UX